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Saturday, December 17, 2005

Io Saturnalia!!

Reproduzo aqui hoje um texto de autoria da Clavdia Beltranvs, professora de História Antiga da Uni-Rio (Para quem não conhece, é a Lvdvs Maxima que fica perto do Dvlce Pannis). A Cláudia tem uma lista (quase) diária chamada Calendas, que segundo a própria começou um pouco como brincadeira e hoje é lida até na Germania Inferior!

Obviamente, o autor deste blog é ávido leitor das Calendas.

Abaixo segue o texto integral da mensagem de hoje:

"Hoje é ante diem XVI Kalendas Ianuarius, um nefastus publicus. Estamos no início do festival de Saturno, as Saturnalia, um dos principais festivais do calendário romano.

O nome de Saturno é derivado de satus, particípio do verbo serere (plantar, semear). É o deus das sementeiras e marido de Ops, a deusa da abundância, da opulência (termo que leva o seu nome). Antiqüíssimo deus itálico, foi assimilado ao grego Chronos, mas o deus romano é o artífice da obra de Janus (Jano), transmitindo aos homens as técnicas de cultivo da terra, da poda da videira e lhes dando leis justas e boas.

Saturno, rei mítico e deus da aetas aurea, a Idade do Ouro na Itália, fazia reinar a paz, a concórdia, a liberdade e a alegria de viver. Para comemorar e obter as boas graças e a proteção do deus sobre a vegetação e as sementes lançadas no seio da terra, celebravam-se as Saturnalia no solstício de inverno, e o sol escalava novamente a abóbada celeste. A grande festa em honra de Saturno durava, a princípio, um só dia, chegando depois a três. Sob Augusto, foi introduzido mais um dia e Calígula introduziu um quinto dia. Sob Domiciano, o festival chegou a ter sete dias, indo de 17 a 23 de dezembro, coincidindo com as Sigillaria, a “festa das imagens”.

As solenidades começavam hoje pela manhã. Após se retirar a faixa de lã que cobria, durante todo o ano, o pedestal da estátua de Saturno, era realizado um
banquete público, cujo término, à noite, era marcado pelo grito de distensão: Io Saturnalia! E tudo parava: o Senado, os tribunais, as aulas, os negócios, o
trabalho. Reinava a alegria, a orgia e a liberdade. Todas as hierarquias eram abolidas. Todos os interditos eram eliminados. Os escravos gozavam da liberdade durante o festival, os jogos de azar reinavam, as execuções dos condenados à morte eram adiadas e concedia-se liberdade a alguns presos, que depositavam suas correntes aos pés da estátua do deus, pois em seu reino inexistiam o cárcere, a escravidão e
a morte.

No festival que se seguia, o sangue era, porém, derramado, mas era uma efusão ritual: o da vítima imolada ao deus e o dos gladiadores no Circus, cujo escopo era atrair o favor de Saturno sobre as colheitas e a cidade.

IO SATURNALIA!
Optime bene,
Claudia."

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