Será que as enquetes se empilham igual aos posts?

Você acha que eu devia voltar a escrever?

Saturday, December 31, 2005

Rede Caesari quae Caesaris sunt

Eu disse que ia pra farra e cá estou escrevendo. Mas cadê a farra? O que há lá fora é um monte de pessoinhas se acotovelando nos pontos de ônibus, e andando apressadas para um lado e para o outro, ainda que sem propósito.

Fica difícil se aproximar de alguém assim, as gurias não param quietas!

Mas o fato é que cada vez mais chego a conclusão que o Sr. Maia é um César menor, à semelhança daqueles imperati victii que governavam 'roma' por dez dias até que algum outro general lhes tirasse as ilusões e a vida. Um anti-midas, se tal coisa existe. O que ele toca vira merda.

Se não, vejamos. A prefeitura insiste que não tem como tanta gente sair de copacabana ao final da festa, e por conseguinte, faz o possível para esvaziá-la. Eu sempre defendi a tese de que de fato não há como todos sairem de copa ao mesmo tempo e por isso mesmo, a prefeitura deveria fazer shows com atrações A NOITE TODA, para que as pessoas fossem saindo aos poucos, conforme o cansaço lhes vencesse.

No entanto, a prefeitura resolve simplesmente não fazer shows após a queima de fogos, de modo que agora sim, todos saíram ao mesmo tempo e deram um nó na CET rio. Eu tenho a impressão que esse ano o retorno estava mais caótico. Que se foda, moro aqui. Mas de fato, a solução não é encerrar a festa à meia noite, a solução é prologá-la para que o fluxo se dilua.

Mas atualmente a inteligência é um impedimento para o exercício de cargos públicos.

MMDCCLVIX AUC!

Hodie pridie Kalendas IANVARIAS MMDCCLVIII a.u.c. est!
Não esperem posts, estarei naquela mini-saturnália de copacabana, levando banho de champagne e esbarrões. Amanhã o dia é nefastus. Talvez não historicamente, mas EU não pretendo acordar cedo.

bene optime!

Saturday, December 24, 2005

Ave Flavius Claudius Julianus!

Esses zelotas do judaísmo reformado que tem povoado a terra mais ou menos ao longo dos últimos mil e setecentos anos me irritam. Não sendo cavalos, insistem em usar antolhos. Pelo menos os do tipo filosófico.

Imaginem que alguém me liga para desejar feliz natal, e no meio da conversa me dá uma sugestão: 'não esquece de rezar para aquele que está nascendo '.
'sim, claro, para que deus você gostaria que eu oferecesse minhas preces?'
'como assim para que deus? Para o único deus que existe!'

Além de ignorante, essa frase é um tanto quanto insultante porque desqualifica todas as religiões e divindades até hoje produzidas pela humanidade. A presunção de verdade absoluta do cristianismo (segundo Gibbon, 'um judaísmo libertado de seus grilhões'*) ofende as minhas convicções e afronta a minha liberdade de escolha.

Porque eu não poderia oferecer minhas preces à Mithras? Sol Invictus? Freya? Saturno? Tem uma pá de divindades que são celebradas desde tempos imemoriais às portas do solstício de inverno do hemisfério norte, sendo o deus dos católicos apenas mais uma delas. E todas em tese deveriam ser igualmente dignas do mesmo respeito e tolerância.

É por essas e outras que cada vez eu gosto mais do Apóstata. Pedala Constantino!

Thursday, December 22, 2005

Lesbia formosa est. Odi et amo.


Quintia formosa est multis. mihi candida, longa, recta est: haec ego sic singula confiteor.
totum illud formosa nego: nam nulla uenustas,
nulla in tam magno est corpore mica salis.
Lesbia formosa est, quae cum pulcerrima tota est,
tum omnibus una omnis surripuit Veneres.

- Catullus.


Para quem não sabe, a Storm Lee é uma latinista de uma figa. Ela cita Catullus e põe coisas em latim nos seus emails e no seu orkut, mas na hora de contribuir com um blog chique destes fica tímida. Então resolvi roubar-lhe a cena e citar Catullus (novamente) por ela. Os classicistas de plantão que também curtam os filmes do Kevin Smith poderão identificar uma implicação um tanto maldosa neste post, mas como inverdades eu não disse, a implicação está na cabeça de cada um.

E se você não entende muito bem latim, este autor, sempre prestativo, irá ajudar-lhe com uma tradução.

Quintia is voor velen erg knap. Voor mij is ze sneeuwwit, lang,
met rechte houding: ik erken deze details zo opgesomd.
Ik ontken de gehele notie van het begrip knap: want geen gratie,
geen enkel greintje humor is in zo'n groot lichaam.
Lesbia is knap, die niet alleen heel mooi is,
maar ook als enige alle meisjes alle charmes ontneemt.


Tomamos (plural da falsa modéstia) o cuidado de escolher uma língua não-latina de modo a não dificultar o entendimento destas milenares palavras por parte de eventuais bárbaros. O que a gente não faz pelos amigos, né? :-)

Monday, December 19, 2005

Romani Ite Domum


Vândalo ataca em Gloucester

A estatua de bronze do Imperador Nerva, em Gloucester, teve seu pedestal pichado com a inscrição "Romani ite domum"

A pichação, que significa "Romans go home", foi notada pelo professor Michael Sergeant..

A Policia local disse acreditar que o incidente aconteceu há uma semana, mas não conseguiu identificar o pichador pelas imagens das câmeras no entorno do monumento.

Mr. Sergeant declarou à BBC News que "quem quer que tenha feito isso é bastante inteligente - pois o latim está correto - ou então acabou de assitir A Vida de Brian, do Monty Python!"

fonte: BBC. (tradução minha)

O que ninguém parou pra pensar é: Mr. Sergeant dá aulas de que? Se for de latim, cadeia nele! Como se não bastasse ele mesmo ter visto a pichação que passou despercebida pelos demais, o cara ainda se rasga em elogios ao meliante que sacaneia a estatua do fundador da Colonia Nerviana Glevensis?! O tempora. O mares.

Saturday, December 17, 2005

Io Saturnalia!!

Reproduzo aqui hoje um texto de autoria da Clavdia Beltranvs, professora de História Antiga da Uni-Rio (Para quem não conhece, é a Lvdvs Maxima que fica perto do Dvlce Pannis). A Cláudia tem uma lista (quase) diária chamada Calendas, que segundo a própria começou um pouco como brincadeira e hoje é lida até na Germania Inferior!

Obviamente, o autor deste blog é ávido leitor das Calendas.

Abaixo segue o texto integral da mensagem de hoje:

"Hoje é ante diem XVI Kalendas Ianuarius, um nefastus publicus. Estamos no início do festival de Saturno, as Saturnalia, um dos principais festivais do calendário romano.

O nome de Saturno é derivado de satus, particípio do verbo serere (plantar, semear). É o deus das sementeiras e marido de Ops, a deusa da abundância, da opulência (termo que leva o seu nome). Antiqüíssimo deus itálico, foi assimilado ao grego Chronos, mas o deus romano é o artífice da obra de Janus (Jano), transmitindo aos homens as técnicas de cultivo da terra, da poda da videira e lhes dando leis justas e boas.

Saturno, rei mítico e deus da aetas aurea, a Idade do Ouro na Itália, fazia reinar a paz, a concórdia, a liberdade e a alegria de viver. Para comemorar e obter as boas graças e a proteção do deus sobre a vegetação e as sementes lançadas no seio da terra, celebravam-se as Saturnalia no solstício de inverno, e o sol escalava novamente a abóbada celeste. A grande festa em honra de Saturno durava, a princípio, um só dia, chegando depois a três. Sob Augusto, foi introduzido mais um dia e Calígula introduziu um quinto dia. Sob Domiciano, o festival chegou a ter sete dias, indo de 17 a 23 de dezembro, coincidindo com as Sigillaria, a “festa das imagens”.

As solenidades começavam hoje pela manhã. Após se retirar a faixa de lã que cobria, durante todo o ano, o pedestal da estátua de Saturno, era realizado um
banquete público, cujo término, à noite, era marcado pelo grito de distensão: Io Saturnalia! E tudo parava: o Senado, os tribunais, as aulas, os negócios, o
trabalho. Reinava a alegria, a orgia e a liberdade. Todas as hierarquias eram abolidas. Todos os interditos eram eliminados. Os escravos gozavam da liberdade durante o festival, os jogos de azar reinavam, as execuções dos condenados à morte eram adiadas e concedia-se liberdade a alguns presos, que depositavam suas correntes aos pés da estátua do deus, pois em seu reino inexistiam o cárcere, a escravidão e
a morte.

No festival que se seguia, o sangue era, porém, derramado, mas era uma efusão ritual: o da vítima imolada ao deus e o dos gladiadores no Circus, cujo escopo era atrair o favor de Saturno sobre as colheitas e a cidade.

IO SATURNALIA!
Optime bene,
Claudia."

Thursday, December 15, 2005

Convoco extra ordinario

Alguém precisa explicar a esses animais falantes do congresso brasileiro que não se deve gazetear dias fasti e nem trabalhar em dias nefastus. Turba profligatus!

Monday, December 12, 2005

Valeria Messalina

Eu sempre associei a palavra messalina às moças de vida fácil, mas até agora não sabia que tratava-se de nome próprio e não de substantivo comum concreto!

Valeria Messalina é o nome da filha de Valerius Messala. Casou-se com Cláudio aos 15 anos, quando este tinha 50, por ordem de Calígula, futuro patrono dos filmes de sacanagem. Há quem diga inclusive que ele casou-a com o Cláudio de sacanagem mesmo, entre uma transadinha ou outra com seu cavalo consular.

Estou passado! Como pode o nome de uma mulher virar sinônimo de puta pelos próximos DOIS MIL anos?! Vai transar assim na China!! E pobre Britannicus, que podia ser acusado de ser filho de uma messalina de uma forma um tanto quanto literal!

Piadinhas à parte, é preciso que se diga que a história pode ter sido um pouco injusta com ela. Ninguém duvida de que ela pulava mais cerca que ladrão de gado, mas é possível que as suas aventuras tenham mais a ver com manobras políticas heterodoxas do que com mera lascívia. Boa parte dos romanos era meio misógena mesmo, então daí pra exagerarem e cairem de pau nela não era muito difícil.

Talvez até literalmente, já que desse negócio de pau parece que era com ela mesmo...

"Let her live and be happy with her lovers,
three-hundred of whom she holds in her embraces,
loving none truly but again and again rupturing
the loins of them all;

and let her not count on my love, as in the past,
for through her fault it has fallen like a flower
at the meadow's edge, after being lopped
by the passing plough. "

--Catullus

Saturday, December 10, 2005

Oratio in Berzoinus

Segundo o historiador bretão Edvardo Gibbonicum, a conquista do Partido Popularis pelo Campo Majoritário se deu "ao cabo de uma guerra (...) empreendida pelo mais obtuso, continuada pelo mais dissoluto e concluída pelo mais tímido de todos os presidentes. As diversas tribos de radicais livres tinham bravura mas não comando; amor pela liberdade mas não espírito de união. Tomavam armas com selvagem arrebatamento; depunham-nas ou voltavam-nas umas contra as outras com selvagem incostância. Nem a coragem de Lvcia, nem o desespero de Heloísa Bodicéia, nem o fanatismo dos druidas de esquerda puderam evitar a escravização de seu programa ou resistir ao firme avanço dos generais do Campo Majoritário, que preservavam o discurso ético enquanto o Trono era desonrado pelo mais fraco ou pelo mais corrupto dos homens." *

* Edvardo Gibbonicum, Decline and Fall of the Roman Empire, Liber I, cap I, p III.

O que eu estou fazendo aqui? De onde eu vim? Pra onde eu vou?

Não sei como eu vim parar aqui nesse blog! Eu matava as aulas de história no colégio pra ir estudar matemática na biblioteca. Às vezes os inspetores me pegavam na biblioteca e me levavam de volta pra sala e eu tinha que ir pro banheiro continuar meus estudos!

Ah! Outra coisa: eu nem sei latim, ou seja lá que língua estranha essa que esse moço ai posta! Resumindo, eu não entendo nada do que ele fala!

Mas isso não impede que a gente seja amigos e tão pouco impede que a gente se comunique. Pra quem não sabe nós também somos jedis e podemos nos falar numa outra língua que nenhum de vocês entendem!

Pow, eu já ia me esquecendo... Eu sou a Black Mamba, em outras vidas fui uma Lamia (vampiro feminino que aparecia sob a forma de metade mulher, metade cobra, comia a carne e
bebia o sangue das suas vítimas).

Nessa vida, sou amiga do Quintus Fabius Pictor, computeira, sonho em ser cientista da computação um dia...

Até...

Friday, December 09, 2005

Lupus Maximus stultior quam asinus est.


Quem já viu Rogerius Celestius na TV sabe que o cara é doido de jogar pedra. E quem conhece Tarquinius Lupus sabe também que o cara é quase isso. Não é a toa que o destino jamais permitira que ambos dividissem o mesmo palco...

Porém, desprezando os auspícios, Nero Mauricius Drusus Valadaricum, DJ e Governador de cidade mineira, resolveu juntar os dois na última edição da sua festa, Ronca Bis, ontem à noite.

Rogerius é realmente o trash do trash, e canta músicas poéticas com versos como "eu falo, falo, meu falo" ou "ninguém chupa o próprio pau", e o mais engraçado é ver o povo delirando e gritando (de sacanagem, claro) a cada um dos seus trejeitos epilépticos, como se fossem mocinhas assistindo Elvis the Pelvis com withdrawal symptoms.

Tarquinius Lupus, o Soberbo, entra no palco perguntando "Cadê a porra do ar-condicionado, caralho? Isso aqui tá parecendo Auschwitz!" e todos gritam. Algum gaules irredutível pede Vida Bandida. Até Crasso sabe que isso é um erro...

"Você ouve rádio cidade né?" "Ah é? Ouve mesmo? Então vai tomar no cu!"
"Vocês querem rock? Rock'n'roll é o caralho, até índio gosta de rocknroll, eu e Rogerius resolvemos apavorar, a gente vai é tocar bossa nova!"

E foi exatamente isso que eles fizeram. Houve risos e piadas no início, mas depois começou a dar no saco. Afinal, sabe-se que 'novus bossa' é um estilo difícil, que exige principalmente mens sana, e que o néctar dos deuses incas não é exatamente conhecido por promover tal qualidade nos mortais. Se alguém duvida disso, responda então por que é a Grécia e não a Bolívia o berço das artes e da filosofia...

Tarquinius Lupus, o soberbo, foi o último cantor etrusco. Segundo a tradição oral foi expulso por Brutus que atirou-lhe sua garrafa d'água tal como "raio vingador dos livres" (São Machado de Assis, Imperium Colera I,III), mas isso é lenda.

Talvez o leitor possa encontrar nas entrelinhas o motivo, mas segundo palimpsesto do historiador gaulês Pierre de Grimaldix, sabemos que Tarquinius Lupus saiu de cena com a turba a entoar alternadamente versos como "Lupus Maximus mater tua meretix est" ou "Lupus Maximus pudor tu".

Monday, December 05, 2005

Bis Idem


Hoje no programa do Jô Soares uma sujeita conhecida, autora de livros, declarou que "a mulher é inerentemente feminina". Pra certas pessoas não basta atingir o fundo do poço intelectual. É preciso cavar.

Sunday, December 04, 2005

Oratio in Dirceum

Estou criando um personagem de ficção chamado R. Ieferssus. Ieferssus e Marcus Tulius Cicero, da história real, têm muito em comum, não só como senadores de negócios escusos como também enquanto mestres da retórica. Em minha ficção literária Ieferssus denuncia um amigo a quem há pouco se referia como um optimate por envolvimento em um suposto mensalorium brasilianus. Não há provas muito contundentes, mas como as práticas republicanas são, de parte a parte, absolutamente podres, não há clima para a permanência de I. Dirceum no Planaltino e L. L. Silvium é declarado consul sine collega.

Então a polícia prende uns venezuelanos pé-de-chinelo no porão de algum navio chinês, denúncia anônima, de alguma vovó-espiã. A voz lembra um pouco a voz de Ieferssus, disfarçada, mas ninguém presta atenção neste detalhe. A partir da confissão dos venezuelanos Ieferssus denuncia uma suposta conspiração capitaneada pelo seu outrora amigo e optimate I. Dirceum para matar todos os senadores e tocar fogo no Monte Planaltino, inclusive com o emprego de tropas bárbaras cedidas pelo chefe guerreiro Hugochavix.

O leitor culto já percebeu que eu não sou um cara tão criativo assim e estou fazendo uma espécie de paródia escrachada da Bellum Catilinae, mas observe-se duas ressalvas:

A primeira é que se eu acho que Catilina pode ter sido injustiçado pelos exageros retóricos de Cicero, já por I. Dirceum eu não boto a mão no fogo. Ele é que parece que a põe na cumbuca. rá rá rá!

E a segunda é que eu não suportaria ver Ieferssus parafrasear "In toga candida".

Saturday, December 03, 2005

Praefatio


Ave! Uma nova Virgem Vestal deu crias. "Se ela realmente acreditava que eles eram filhos de marte ou inventou esta estória(...), não vem muito ao caso."* Sabe-se apenas que os moleques foram amamentados por uma loba e viraram blogueiros. Um escreve do Capitolino, outro do Palatino. Visões diferentes, textos diferentes e um só blog. Dual, grandioso e predestinado como a própria Roma - Jóia das Sete Colinas, Senhora do Mediterrâneo, Cidade Eterna. Carpe Bloguem.

* Livius, ab vrbe condita, liber primus.