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Monday, January 15, 2007

Considerações Sobre As Raves

Eu comecei a frequentar shows de música eletrônica neste verão. Não que eu não conhecesse ou gostasse do gênero, mas simplesmente porque está havendo uma grande quantidade de eventos gratuitos na praia. Desde o show do Infected Mushroom, até o Tiesto, passando por algumas sunset parties, tenho algumas considerações a fazer do que observei.

A quantidade de latas, garrafas, cacos e porcarias por centímetro quadrado de praia onde quer que haja um evento de música eletrônica é muito, muito maior que a sua correspondente em qualquer show de punk rock, música clássica ou mpb. Esta quantidade de lixo por centímetro quadrado de areia será definida como a taxa de imundície per capta (IC). Não foram feitas observações em shows de pagode ou funk, mas nossos dados parecem corroborar uma tendência à maximização da taxa de IC em raves. Acreditamos que o motivo deva ser uma mistura de hedonismo, alto poder aquisitivo e drogas.

A observação do público presente mostra que quem gosta de música eletrônica são as classes A e B. Não tem quase ninguém com cara de pobre nestas festas, e nem estas ocorrem em lugares distantes de ipanema ou fora de fazendas fechadas. Assim, o povo não toma latinhas de cerveja, toma smirnoff ice. Pra início de conversa. Praticam uma variante primitiva do hedonismo bem descrita por Renato Russo: "Então é outra festa, é outra festa feira. Que se foda o futuro". E as drogas, bem, estas parecem ser second nature para este povo. O índice de Canabis per Capta (CC) em raves supera em muito qualquer coisa registrada no circo voador na época da pretensa geração saúde (iça!!!). Quem não está se drogando ou jogando coisas no chão está, invariavelmente, mijando à vista de todos, mulheres inclusive. Porque como diz o guaraná antártica, "os óculos escuros são instrumento indispensável pra mijar e ficar tipo invisível".

Existe uma correlação entre as taxas de IC e CC nos eventos públicos? Possivelmente. Baseados no trabalho de Roland Fletcher e Ian Morris, acreditamos que exista um limite mais ou menos fixo de tolerância à imúndicie na mente humana. "finite sensory capacity will produce universally constant parameter conditions" (1995:81) assim, a tolerância a imundície natural faz com que grupos de pessoas se apinhem até no máximo 300 pessoas/ha, passado este limite os grupos se dispersam, ou alteram a sua configuração cultural, no caso, o consumo de Canabis per Capita (CC). Em termos chulos, poder-se ia dizer que "quem muito CC não se importa com a imundície à sua volta. "

Nossa conclusão é que precisamos de mais verbas para esta pesquisa.

1995: Fletcher, Roland - The Limits of Settlement Growth - Cambridge.

2005: Morris, Ian - The Growth of the Greek Cities in the First Millenium BC - Princeton/Stanford.

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